Defensoria Pública pede suspensão de concurso da educação de João Pessoa por falta de cotas raciais

Defensoria Pública pede suspensão de concurso da educação de João Pessoa por falta de cotas raciais

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Documento orienta inclusão de cotas para negros, indígenas e quilombolas e reabertura do prazo de inscrições por mais 30 dias. Defensoria Pública da Paraíba
Reprodução / Defensoria Pública da Paraíba
A Defensoria Pública do Estado da Paraíba recomendou a suspensão imediata do concurso público da Secretaria de Educação de João Pessoa para que o edital inclua cotas étnico-raciais. O concurso está oferecendo 403 vagas no total.
A recomendação foi divulgada nesta segunda-feira (5), mas de acordo com a Defensoria ela foi emitida no dia 30 de maio. O município tem cinco dias úteis para responder à recomendação. Segundo a Defensoria, se não houver retorno ou cumprimento voluntário, medidas judiciais poderão ser adotadas para garantir a aplicação das políticas afirmativas.
O documento é assinado pelos defensores públicos Aline Mota de Oliveira e Denis Fernandes Monte Torres. Eles sugerem que o edital seja ajustado com base na Lei Federal nº 12.990/2014, que estabelece a reserva de 20% das vagas para pessoas negras em concursos públicos federais.
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Em nota, a Secretaria de Administração da Prefeitura de João Pessoa disse que a Lei Federal nº 12.990/2014, citada na recomendação, reserva 20% das vagas para cotas racias apenas para os concursos públicos federais, não abrangendo os estaduais e municipais.
“Como não temos legislação municipal que disponha sobre a inclusão das cotas raciais, não podemos atender à recomendação da Defensoria, o que difere da cota para deficiência, sobre a qual existe normal municipal expressa”, disse
O edital do concurso, publicado em abril, prevê o preenchimento de 403 vagas, das quais 27 são reservadas para pessoas com deficiência. No entanto, não há previsão de reserva de vagas para pessoas negras, indígenas ou quilombolas.
Para a Defensoria, essa ausência representa uma omissão inconstitucional e o descumprimento de normas nacionais e internacionais.
A recomendação é fundamentada em dispositivos da Constituição Federal e também em tratados como a Convenção Interamericana contra o Racismo, norma que tem status de emenda constitucional no Brasil.
Os defensores também pedem a reabertura das inscrições por mais 30 dias, para permitir que candidatos já inscritos possam optar por concorrer por meio das cotas raciais. Além disso, recomendam que a política de cotas seja adotada de forma definitiva em concursos e seleções realizados pela Prefeitura de João Pessoa.
Segundo os defensores, a adoção das cotas é uma obrigação assumida pelo Brasil ao ratificar tratados internacionais. “A ausência de cotas raciais em concursos públicos municipais fere esse compromisso e perpetua desigualdades estruturais”, afirmam no documento.
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